sábado, 24 de março de 2012

Estereótipo.

   Olhando para ele, a primeira coisa que percebi foi o quão grande era seu nariz. Nada normal, quero dizer. Tinha um formato um tanto torto, e ainda, para piorar a situação, as narinas permaneciam infladas o tempo todo. Já é de se pensar que alguém assim possuía poucos amigos.
   Tentei desviar o olhar de seu nariz, apesar de ser difícil deixar de reparar numa coisa daquelas. Consegui me concentrar em seus olhos. Eram de uma cor diferente, azul com traços acinzentados. Seu olhar era triste, cansado. Pensei em perguntar o porquê, mas não me atrevi, não sou o tipo de pessoa que sabe dar bons conselhos. Senti um pouco de culpa após observar seus olhos, aliás, eu não o conhecia, não deveria julgá-lo precipitadamente.
   Passei a observar sua boca. Lábios finos, dentes normais. Um sorriso bonito, devo admitir. Nada de folhas de alface entre os dentes, talvez isso seja um bom sinal, um cara higiênico, que bom.
   As roupas, muito simples. Parecia não se importar com a aparência, não dei a mínima. Sob meu campo de visão, encontrei seu nariz novamente, coitado. Não sou muito fã de cirurgia plástica, mas ele precisava de uma, urgentemente.
   Foi exatamente o que pensei dele, no primeiro dia em que o vi. Mas nada do que concluí ao observá-lo naquele dia era o que eu esperava. Quando, pela primeira vez, veio falar comigo, relembrei tudo o que havia pensado à respeito dele, continuo com a mesma opinião sobre o nariz, mas a expressão triste dos olhos, não existia. Uma pessoa feliz, extrovertida, que não se importa com absolutamente nada que os outros dizem, o admiro até hoje por isso. Lá vem ele, meu melhor amigo.

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