segunda-feira, 14 de maio de 2012

Vício na fala.


Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha teia
Para telhado teiado
E vão fazendo telhados.
                                   Oswald de Andrade

   O poema Vício na fala, de Oswald de Andrade, pode ser interpretado de várias maneiras, nas quais os leitores podem expor seu ponto de vista, suas opiniões.
   Analisando este poema, uma primeira leitura poderia despertar conclusões simples e objetivas. Muitos o entenderiam como uma crítica àqueles que falam incorretamente, porém não é esta a realidade.
   O poema se trata de uma crítica, sim, mas não está criticando quem fala errado, está criticando àquele que chega à conclusão de que as pessoas que mantém esse tipo de fala no seu cotidiano não poderiam ter um futuro melhor que aquelas que falam corretamente. Parece um pouco confuso, mas não é. 
   Antes de tudo, devemos nos atentar ao título: Vício na fala. A que vício este título se refere? Baseando-se nas conclusões anteriores, é possível afirmar que o título se refere a quem considera sua fala correta, isto porque o vício citado seria a insistência em dizer que aqueles que falam diferenciadamente não são tão bons quanto outros.
   Considerando o último verso do poema, o que este significa? "E vão fazendo telhados" significa, sobretudo, que apesar de falar de uma maneira específica, estas pessoas continuam seguindo com suas vidas, continuam construindo telhados. 
   A fala não influencia diretamente no futuro do falante. 
                                                                                                                                      

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cálice!

   Engraçado como as letras de Chico Buarque conseguem influenciar até as manifestações contra a violência do Brasil. Interessante foi a maneira como o autor da charge ao lado conseguira se expressar apenas utilizando um pequeno trecho da famosa música composta em 1973, por Chico Buarque, com parceria de Gilberto Gil.
   Esta música, na época, caracterizou-se por ser uma crítica à Ditadura Militar, contra a censura e repressão que os militares impunham sobre a população. Na charge é relembrado o famoso trecho: "Pai! Afasta de mim esse cálice!", no qual há a predominância da ambiguidade, pois a palavra cálice pretende expressar o desejo de que os militares se calassem (cale-se!).
   Analisando esta charge, percebe-se que o autor claramente tem a intenção de fazer com que os leitores interpretassem-na relembrando o contexto histórico da música de Chico Buarque, mostrar as críticas que eram feitas na época e nos fazer, automaticamente, criticar a violência da sociedade na qual nos inserimos hoje.